O mundo das ilusões do Bacharel em Direito

Vimos o quanto é duro o mercado de trabalho para quem se torna um novo advogado junto à elevada concorrência nas grandes metrópoles, idealizando sua aprovação no exame de ordem como algo “fantasioso”, esquecendo-se que existe uma saturação de profissionais. Esta realidade dura agravou-se durante a pandemia, e ainda sem o fim desta, advogados experientes, buscando a sua sobrevivência, sem perceber que o mundo mudou, e a profissão também.

Agora, irei demonstrar o que realmente acontece com um recém formado obtendo o seu título de bacharel em Direito, pois, cada vez mais existe universidades a torto e a direita, muitas destas, sem nenhum tipo de qualificação, apenas criando cursos e mais cursos, gerando uma desproporcionalidade de bacharéis em direito ao redor do país.

Leia:

Brasil tem mais de 1.500 cursos de Direito, mas só 232 têm desempenho satisfatório

A ideia em se manter como bacharel, advém de ser um requisito necessário para ingresso aos concursos públicos, onde a maioria, como eu, é instruído a disputar uma vaga, no qual é infinitamente competitivo, sem nenhuma comparação ao exame da ordem, chegando a milhares de inscritos para concorrer em 10 vagas por cada edital, ou menos, criando um falso mercado.

Origem da desproporção [1]

Neste cenário, é impossível não se perguntar: há espaço para tantos operadores do direito?

A resposta para o pesquisador Ivar Hartmann, professor da FGV Direito Rio, é um sonoro não. Para ele, existe um contingente desproporcional de alunos de Direito atraídos por uma promessa de salários e de garantias de funções públicas exclusivas que são desproporcionais ao que se paga, em média, no setor privado.

Os concursos públicos para cargos de alto escalão, de fato, são absurdamente concorridos. O último para delegado de Polícia Federal, por exemplo, teve 46.633 inscritos para apenas 150 vagas – uma concorrência de 311 candidatos para cada vaga. Para se ter uma ideia, o curso mais concorrido da Fuvest no ano passado, o de medicina em Ribeirão Preto, teve 72 candidatos para cada vaga.

Para o pesquisador, nem o mercado privado nem o público conseguem absorver toda essa oferta de bacharéis. “Ainda assim, se o aluno colocar na ponta do lápis, é evidente que é mais vantajoso estudar para concursos. Para muita gente que se forma em direito por meio do Prouni ter estabilidade e receber um salário de R$ 5 mil de técnico num tribunal é um sonho”, afirma.

“O Brasil desperdiça um capital humano monumental ao fazer com que essas pessoas joguem fora três, quatro anos de suas vidas sem produzir nada e se preparando para um teste que sequer será útil para a rotina profissional daqueles que serão aprovados”, avalia Hartmann.

A faculdade de renome sempre prevalecerá entre outras.

A vida se baseia em fatos, e não só eu como amigos próximos, sofremos com um certo pré-conceito em sermos avaliados pela nossa formação em uma universidade de menor expressão e tradição. O crescimento abrupto de cursos de Direito no país, com o viés de alcance e “ensino para todos” acabou criando um standard para escritórios recrutarem esses bacharéis, ou estudantes cursando para uma vaga de estágio, deixando como experiência própria, uma realidade que é desmotivadora, em certos momentos.

Pois não são todos o escritórios que priorizam apenas faculdades de renome, porém, pré-julgam, idade, sexo, e se você namora, tem filhos, como aquelas entrevistas robotizadas de RH, no qual a superficialidade prevalece sempre, como se um nome da instituição limitasse a vontade, a objetividade daquele aluno em ser ruim. Criou-se um efeito colateral devido ao MEC autorizar esses emaranhados de cursos pelo país, usando como o acesso a educação superior, como uma muleta para implementar cursos fracos, que preparam apenas o aluno em obter um papel sem valor. O que mais vejo são alunos indo para outras áreas, ou disputando vagas num concurso extremamente competitivo, investindo dinheiro em cursinhos para obter sua aprovação.

A pergunta que fica, do que vale estudar 5 anos? A finalidade é atingida, e depois?

 

“Sit lux ubi nulla spes”

Que haja luz onde não há esperança”

 

Bibliografia utilizada

1] https://camilavazvaz.jusbrasil.com.br/artigos/395860740/brasil-o-pais-dos-bachareis-doutores-um-em-cada-dez-universitarios-estuda-direito

Leia também: O advogado Influencer#bacharel em Direito

 

O advogado Influencer

bacharel em Direito bacharel em Direito

Picture of Rafael Souza

Rafael Souza

Bacharel em Direito pela Faculdade Das Américas (FAM). Membro colaborador da Comissão dos Acadêmicos de Direito da 116a Subseção Jabaquara- Saúde da OAB/SP. Membro Assistente da Comissāo de Direito Constitucional e Filosofia e Argumentaçāo da 116a Subseção Jabaquara- Saúde da OAB/SP. Membro assistente do IGOAI (International Group of Artificial Intelligence) Colunista do Blog Justalks.

O mundo das ilusões do Bacharel em Direito

Vimos o quanto é duro o mercado de trabalho para quem se torna um novo advogado junto à elevada concorrência nas grandes metrópoles, idealizando sua aprovação no exame de ordem como algo “fantasioso”, esquecendo-se que existe uma saturação de profissionais. Esta realidade dura agravou-se durante a pandemia, e ainda sem o fim desta, advogados experientes, buscando a sua sobrevivência, sem perceber que o mundo mudou, e a profissão também. Agora, irei demonstrar o que realmente acontece com um recém formado obtendo o seu título de bacharel em Direito, pois, cada vez mais existe universidades a torto e a direita, muitas destas, sem nenhum tipo de qualificação, apenas criando cursos e mais cursos, gerando uma desproporcionalidade de bacharéis em direito ao redor do país.

Compartilhe

Publicações recentes

Comentários